Talvez você nunca tenha ouvido falar no termo design thinking. Tudo bem, mas com certeza já passou ou passa por desafios profissionais que têm tudo a ver com esse conceito, e que poderiam mesmo ser mitigados por ele.
A tradução do termo é um pouco vaga, podendo significar algo como “desenhando projetos”, ou “pensando projetos”. O mais bacana é que ele pode ser pensado com foco na empresa, ou então na equipe, pela ótica de um gestor ou líder.
Já não é segredo para ninguém o quanto o crescimento de uma empresa e de um profissional estão ligados a vários fatores que vão muito além da formação técnica. Foi-se o tempo em que bastava ter um diploma, um currículo bom ou mesmo a indicação de alguém.
Hoje vale a famosa regra do “quem sabe faz ao vivo”. Quer dizer, o profissional precisa mostrar do que é capaz no dia a dia, agregando valor à cultura da empresa. Já no recrutamento isso é muito claro, por meio de dinâmicas e desafios cada vez maiores.
Se fosse possível pegar uma pessoa da década de 1980 e colocá-la numa entrevista de emprego dos dias de hoje, provavelmente ela se sairia muito mal. Não só a visão e os hábitos mudaram muito, mas até os jargões são bem diferentes.
Entre eles, o próprio termo design thinking, que no Brasil era desconhecido até pouco tempo atrás, embora tenha surgido há décadas nos EUA. Ela veio da área de engenharia, e dos livros de Herbert A. Simon, nos idos de 1970.
Hoje o que mais conta é a visão do todo (que também costumamos chamar de visão holística), ou seja, a visão macro, sem perder a visão micro. É a capacidade de lidar com a correria do dia a dia, mas também erguer a cabeça e pensar no médio e longo prazo.
Daí que a formação técnica já não basta, tanto que a experiência comprova que o que faz uma pessoa crescer numa empresa não é tanto sua habilidade específica na sua função, mas a inteligência emocional.
Sendo assim, fica a pergunta: como agir diante de um mercado tão complexo? Se você quer mergulhar nesse assunto encantador, e entender como o design thinking pode ajudar nisso tudo, basta seguir adiante.
Como encarar a estrutura do método?
Todo mundo já conheceu uma pessoa teimosa, não é mesmo? Ou pior, uma pessoa que resiste a novidades e mudanças, por mais inevitáveis que elas se mostrem. O design thinking tem a ver com isso, já que ele busca sempre pensar fora da caixa.
Imagine um escritório de arquitetura e design de interiores resolvendo/debatendo seus problemas mais ou menos como num método científico. Tudo dividido em etapas e racionalizado até o limite das possibilidades.
É mais ou menos disso que se trata, como algo que oscila entre o campo das metodologias corporativas e da filosofia de trabalho. As etapas tradicionais do design thinking já estão assentadas há alguns anos, sendo elas:
- A imersão no problema;
- A ideação e o processo inicial;
- A prototipação das ideias;
- O desenvolvimento aplicado.
É importante frisar, novamente, que mesmo tendo essa proposta naturalmente estrutural, essa metodologia também é bastante flexível, podendo ser alterada conforme o entendimento de cada grupo, ou a demanda de cada projeto.
Tanto que é bem comum utilizá-lo na elaboração de novas soluções, sejam produtos ou serviços, o que em si mesmo já pode ser bastante variado. Ademais, algo dessa envergadura sempre vai envolver vários setores da empresa.
Imagine um negócio que lida com pesquisa de clima organizacional. É claro que ali o design thinking precisará ser aplicado de maneira multidisciplinar, abrangendo muitas pessoas e permitindo uma customização maior das etapas e processos.
Naturalmente, um método tão ambicioso não poderia se limitar a uma visão estreita. Afinal, cada caso é um caso, cada projeto tem seu tempo e sua proposta, assim como pessoas e equipes mudam de lugar para lugar, concorda?
Por dentro da imersão e da ideação
Um erro muito comum quando o assunto é design thinking é ficar na teoria, exagerando o aspecto conceitual dele e se esquecendo da prática. Então, para entender quais são as formas reais com que ele pode auxiliar uma empresa, vamos à prática.
Quer entender o que exatamente é a fase de imersão (o primeiro passo)? Imagine um negócio de assessoria imobiliária, qual não é o conhecimento que ele precisa ter sobre si mesmo, suas vantagens, desvantagens, o mercado, a concorrência, etc.
É o famoso não agir como quem tem um “rei no umbigo”. Além de reforçar sua cultura corporativa, rediscutindo as bases sempre que preciso, faça benchmarking constante, compreendendo seus competidores e as demandas do público.
Outra dica que logo ganhou o coração dos gestores é a famosa Análise SWOT, que traduzida para nós fica com a abreviação FOFA: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Isso demonstra como é preciso olhar para fora e não só para dentro.
Depois de descobrir o que precisa mudar e o que pode permanecer, servindo como base para a missão, a visão e os valores da empresa, é hora de abrir horizontes. Aí é que entra a ideação, como etapa valiosa de gestação de novas ideias.
Por exemplo, como um novo sistema de gestão de dados pode ajudar uma empresa que presta assessoria contábil? Para entender como o mercado de softwares e aplicativos pode ser aplicado no seu caso específico, é preciso muito esforço, sem dúvida.
Uma dica bem prática é a do brainstorming (uma “chuva de ideias”). Ele não serve apenas para o marketing, mas também para repaginar ou começar do zero a implementação de processos, que facilitam a rotina e otimizam os recursos da empresa.
Assim, a imersão e a ideação são como duas faces da mesma moeda. Mas quem as une de maneira realmente assertiva e eficiente é o design thinking.
Como dar os próximos passos?
Além do risco de cair em teorias e se esquecer da prática, é muito comum algumas pessoas terem medo do design thinking por conta dos termos que ele costuma trazer. Não só os que estão em inglês, mas mesmo os traduzidos, como prototipação.
Afinal, o que esse terceiro estágio representa dentro do método? Dito de outro modo, o que um “protótipo” tem a ver com a empresa de outsourcing de impressão que já fez seu devido brainstorming em busca de ideias relevantes e disruptivas?
Vamos começar com a definição dicionarizada: um protótipo nada mais é que um “primeiro tipo criado”, ou seja, um teste ainda não aplicado. Imagine os gastos que uma grande indústria poderia ter se saísse produzindo cada nova ideia até o fim.
Hoje em dia é muito comum ouvir falar em “versão beta”, vários softwares e aplicativos utilizam essa estratégia. No caso de você prestar serviços, a prototipação pode lidar com projeções, como uma representação gráfica que simula cenários possíveis.
Depois disso, enfim, vem o desenvolvimento ou aplicação. Se o negócio está entre os fornecedores matéria-prima cosméticos, é hora de tirar do papel ou parar de circular soluções betas, trazendo o produto final à realidade.
O timing é muito importante aqui, pois quando se fala em lançamento de produto ou implementação de algo novo na empresa, é preciso garantir que o espírito de novidade não se banalize, frustrando a expectativa dos colaboradores ou dos clientes.
Sobre vantagens e benefícios reais
Até aqui já ficou claro que um processo bem amarrado como o design thinking, capaz de unir os melhores esforços e talentos em torno de um bem comum, sempre funcionará muito melhor do que algo feito sem uma cultura holística.
Imagine uma empresa que queira renovar seu sistema de estoque, buscando margens que permitam uma logística melhor, e melhores prazos de despacho. Certamente, com o tempo ela vai engolir a concorrência, mostrando-se uma alternativa bem mais ágil.
Neste sentido, o design thinking é indispensável. Se a concorrência não o utiliza, você sairá na frente, e se ela já usa você não vai querer ficar para trás, não é mesmo? Outro benefício enorme tem a ver com os custos e investimentos.
Afinal, se você quer lançar um curso de operador de empilhadeira e decide aplicar o método para discutir estruturalmente a ideia, desde a contratação de funcionários até as campanhas de marketing, quanto você vai gastar com o método em si mesmo?
Exato, nada. A não ser o tempo, o mesmo que, se não fosse aplicado nele, correria grandes riscos de ser um tempo perdido. Com isso, vemos como a abordagem design thinking pode potencializar e muito nossos resultados corporativos.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.