Em termos de gestão de pessoas e processos, nenhuma das várias novidades que o mercado nacional viu nos últimos anos é tão promissora e inovadora quanto a do Design Thinking, que pode mudar um negócio de patamar.
Como sabemos, embora os aspectos mais imediatos de uma empresa sejam fundamentais, tal como infraestrutura, colaboradores operacionais, equipamentos, tecnologias etc., é na criatividade que está a alma de qualquer negócio.
Não é raro ver o caso de grandes marcas, as famosas Top of Mind que são líderes dentro do seu mercado, passando por reformulações em seus logotipos, slogans ou mesmo no conceito geral da marca.
Esses exemplos servem para mostrar às pequenas e médias empresas que mesmo as gigantes não “nascem prontas”. De fato, uma boa ideia não vem sem grandes esforços, assim como uma empresa consolidada não chega lá sem muita criatividade e inovação.
O papel da estratégia do Design Thinking é justamente conduzir esse tipo de processo. Sempre com a certeza de que, sem uma visão mais ampla, nenhum negócio pode prosperar, ou mesmo manter-se no mercado.
Então se você quer compreender mais a fundo como funciona essa estratégia, e garantir que não será engolido pela sua concorrência no futuro, siga adiante na leitura!
Introdução: cultura vertical vs. cultura horizontal
Todo negócio comercial se divide entre o aspecto mais operacional e prático, e o aspecto mais estratégico e criativo. Cada empresa lida com essa divisão de um modo, e escolhe um formato horizontal ou vertical de gestão do seu negócio.
Assim, é possível centralizar tudo nos cargos mais altos e de tomadas de decisão, verticalizando sua operação, e também é possível horizontalizar, deixando espaço para que todos os colaboradores ajam de modo mais livre e pró-ativo.
Embora, a princípio, o segundo modelo pareça mais atraente, a verdade é que depende muito do tipo de negócio.
Provavelmente, os funcionários de uma empresa de gerenciamento de áreas contaminadas, por exemplo, não terão espaço para mais que operação de rotina.
O ponto importante aqui é notar que, mesmo em uma empresa totalmente verticalizada, o Design Thinking é fundamental. Além disso, os cargos estratégicos sempre precisarão ser criativos, pois verticalizar não é engessar o modelo de trabalho.
De fato, mesmo em um processo operacional verticalizado, como o de uma frente que lida com manutenção de servo motor, os funcionários precisam de espaço para dar dicas de melhoria sobre a rotina de trabalho e de entrega de resultados.
Como veremos adiante, não é possível um líder inovar e criar sem se abrir para várias perspectivas. O próprio Design Thinking depende muito disso.
Como lidar com processos simples ou complexos
Em tradução literal Design Thinking significa algo como “desenhar um pensamento”. Quando se fala que ele é uma estratégia ou ferramenta é porque, embora seja um conceito bem definido, ele não chega a ser um método/fórmula estrito e fechado.
Ou seja, o Design Thinking é como uma ferramenta, isto é, um recurso que pode ser utilizado de vários modos distintos, mas sempre levará ao mesmo resultado. Sua matéria-prima, como vimos, são as inovações, as ideias, os insights e a criatividade estratégica.
Imaginemos, por exemplo, o papel fundamental da criatividade no setor de sistema de captação de água da chuva. Como é sabido, existem diversos modelos possíveis nessa área, alguns automatizados, outros artesanais, alguns mistos, e daí por diante.
Além de inovar na solução que é a proposta central do seu negócio, também é possível ter insights sobre os modos de venda, as formas de pagamento, as modalidades de instalação/entrega, promoções esporádicas, campanhas publicitárias de conscientização, etc.
Essa é a função básica do Design Thinking. Portanto, suas aplicações são universais e os tipos de problemas que podem ser resolvidos por ele são incontáveis.
Em alguns casos, ele pode ser aplicado para elaboração de novos serviços/produtos.
A empresa de captação de água de chuva, citada anteriormente, pode, por exemplo, ampliar seu portfólio, e precisar fazer uma campanha sobre aquecimento solar preço e demais condições de venda.
Em outros casos, o desafio pode estar na linha de produção. Nesse caso, talvez a criação de um simples processo facilitador na parte de tecnologia ou mesmo de comunicação seria a exigência que o Design Thinking precisaria resolver.
A revolução das 4 etapas do Design Thinking
Todo gestor sabe que o pior inimigo de um processo é a generalização. Ou seja, o risco de tratar várias situações diversas como se fossem idênticas, quando elas podem, inclusive, ser opostas.
O bom líder precisa ter a sensibilidade de tratar cada caso como único, assim como cada colaborador deve ser tratado como singular, e nunca em comparação a outros. Ainda assim, há uma estruturação tradicional para a prática do Design Thinking.
Naturalmente, ela não é uma imposição, já que vimos que ele não se encerra em nenhuma fórmula pronta. Trata-se de um princípio facilitador, que pode e deve dar um norte para os implementadores, sobretudo os que nunca se utilizaram do Design Thinking.
Assim, as quatro etapas tradicionais do Design Thinking são:
- A fase de imersão no problema;
- A etapa de ideação;
- A fase de prototipação;
- A etapa de desenvolvimento.
Realmente, essas etapas são um pouco intuitivas, e costumam ocorrer em toda resolução sistematizada de problemas. O aspecto revolucionário do Design Thinking é o de tornar mais clara essa necessidade geral.
Graças a isso, também surgiu toda uma cultura corporativa em torno dessa novidade, com o lançamento de livros, estudos e afins. Além da promoção de palestras, conferências e workshops, enriquecendo e muito esse cenário.
Adiante, compreenderemos melhor cada uma das etapas referidas acima, e quais são as ações mais práticas e funcionais para a implementação desse processo de trabalho a fim de impulsionar os resultados de uma empresa.
Feedbacks: como fazer a imersão na prática?
Toda resolução de problema começa por um distanciamento teórico, isto é, o líder que vai enfrentar o desafio precisa ter uma visão imparcial e objetiva. Ele não pode, de modo algum, se deixar levar por questões como a aparência ou pelas paixões, mas sim pela racionalidade.
Se a empresa trabalha com aluguel de compactador de solo, por exemplo, e estão entrando muitas reclamações sobre entrega no atraso dos equipamentos, o processo de imersão no problema que o Design Thinking propõe consiste em não tirar conclusões precipitadas.
No exemplo dado, seria muito arriscado “pensar o problema” sem antes coletar feedbacks de todos os lados. Em casos assim, você pode entrar em contato com os clientes, e, além de detalhar mais as situações ocorridas, aproveitar para mostrar comprometimento.
Além disso, é preciso realizar feedbacks com os colaboradores envolvidos no processo, verificar se a quantidade de equipamentos disponíveis é compatível com a demanda que está sendo atendida, e daí por diante.
Sobre como ter os melhores insights
Após fazer esforços práticos a fim de acumular as informações necessárias para pensar um problema, agora é hora de voltar a uma etapa de caráter teórico.
A ideação, nada mais é do que estimular as ideias. Isso pode ser feito de vários modos, seja sozinho, em conformidade com alguma demanda que lhe foi atribuída, seja em grupo, conforme a natureza do problema que surgiu na prática etc.
Se a empresa trabalha com locação ou venda de tratores agrícolas e está com dificuldade de gerar pedidos, clientela e receita, é possível lançar mão de algo como um brainstorming. Conhecido na área de marketing, ele ajuda nos insights e conceituações por meio da organização das ideias em um papel ou bloco de notas digital.
A ideação é um processo livre, de modo que toda ideia é válida. Quando feita em grupo, é preciso que todos se sintam à vontade para participar.
Modo conveniente de usar um protótipo
Um protótipo nada mais é que uma primeira versão de algo, o modelo de um primeiro produto criado, por exemplo.
Naturalmente, como a etapa anterior de ideação lançou várias possibilidade à mesa, não faz sentido arriscar-se em tentar implementar uma por uma.
Se a empresa trabalha com conserto de soft starter, (um dispositivo elétrico acoplado em motores para controlar a rotação deles), ela lida com uma mão de obra que impacta diretamente seu cliente. Logo, não seria possível ficar “testando” várias ideias.
Para evitar que o cliente tenha experiências negativas, é preciso escolher a melhor possibilidade obtida pelo brainstorming e “prototipá-la”, ou seja, testá-la com exclusividade e foco total.
O valor de uma implementação criteriosa
O Design Thinking não seria tão revolucionário se ele ficasse apenas no papel, no mundo das teorizações, sem trazer resultados e dirigir processos concretos.
É na fase de desenvolvimento que os demais setores da empresa serão impactados. Ou seja, é aqui que as medidas que o pessoal do pensamento estratégico tomou (por mais que já envolvessem o operacional) chegarão efetivamente à linha de produção.
Por exemplo, uma indústria de secadoras, centrífugas e afins, que lida com soluções que vão desde um purificador de óleo até decanters e flotadores, que são equipamentos bastante “nichados”, ou seja, de públicos muito segmentados, pode ter de envolver vários setores em uma única tomada de decisão.
Por isso, mesmo as etapas anteriores são fundamentais: qualquer desenvolvimento e implementação sem o mínimo de crítica e processo pode ser prejudicial.
É nisso que consiste a essência do Design Thinking e de tudo que uma empresa pode precisar nos dias atuais.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.