Atualmente falar de responsabilidade social se tornou uma obrigação, o termo se espalhou no meio empresarial e acabou virando uma espécie de modismo. Isso teve seu lado bom, pois promoveu e aprofundou questionamentos, debates e pesquisas sobre o tema. O que apresentou um novo modelo econômico de desenvolvimento sustentável.
Mas também teve seu lado ruim, já que muitas empresas têm usado o termo para se promover. Várias vendem uma falsa política de responsabilidade social, sem realmente buscar entender e praticar as ações propostas pelo modelo.
Mas afinal de contas, o que é isso?
Responsabilidade Social diz respeito a práticas e valores que as empresas adotam para promover o bem estar dos seus públicos internos e externos (clientes, colaboradores e a comunidade).
É uma conduta voluntária, inserida num modelo de gestão transparente, inovador e sustentável. Um modelo de gestão que se preocupa com os impactos que a empresa causa na sociedade como um todo.
Nesse modelo, a visão envolve o bem comum através de estratégias, ações, programas e projetos. Isso independentemente do incentivo ou obrigatoriedade do Governo ou agentes externos, como por exemplo, isenções fiscais ou exigências de parceiros.
Onde surgiu?
Essa ideia surgiu nos Estados Unidos e Europa por volta de 1950. Alguns pesquisadores começaram a se preocupar com os danos causados pelas empresas. Considerando que boa parte exerciam atividades de maneira irresponsável através da concorrência desleal, exploração do trabalho, abuso econômico e agressão ao meio ambiente.
Aqui no Brasil esse pensamento começou a reverberar em meados dos anos 80. Quando a globalização afetou diretamente as relações econômicas do nosso país devido à abertura ao mercado internacional.
Vale ressaltar que atualmente as práticas desse modelo apresentam um pensamento divergente da filantropia ou do assistencialismo social, defendendo que as ações realizadas devem levar ao empoderamento e ao crescimento dos indivíduos beneficiados, ao desenvolvimento da empresa e a lucratividade em longo prazo, num processo contínuo de boas relações entre todas as pessoas que compõem ou se correlacionam com a empresa.
Mas por que a sua empresa deve se preocupar com responsabilidade social?
Numa sociedade marcada pelos avanços tecnológicos, onde o acesso à informação é quase que instantâneo e numa época de seguidas crises econômicas e sociais, é imprescindível que as empresas repensem sua atuação e se reposicionem no mercado e na sociedade.
É fato que as empresas foram criadas com a finalidade de prestar serviços e gerar lucros. Entretanto, no cenário onde as desigualdades sociais, as guerras e a degradação do meio ambiente desenham uma nova realidade mundial, os empresários se veem obrigados a mensurar e readequar os impactos diretos e indiretos causados por sua atuação. Entendendo que a busca pelo lucro por si só, não atende mais as especificidades da nossa sociedade.
Vivemos um tempo onde as tecnologias e globalização, venceram as fronteiras físicas e através da dimensão virtual ditaram uma nova maneira de nos relacionarmos criando o que chamamos de Sociedade em Rede.
Tudo está conectado, nada mais acontece isoladamente. As relações internacionais se estreitaram, a economia mudou, a relações sociais mudaram e problemas como a violência, as epidemias e catástrofes naturais preocupam a todos.
Nessa estrutura, onde tudo está interligado, a concentração da renda e as crises econômicas desencadeiam o processo de desemprego. Realimentando o ciclo de pobreza e aumentando a criminalidade.
Esta, por sua vez, potencializa a violência, o tráfico e a falta de escolaridade. Tudo isso, impacta no poder de compra do consumidor atingindo diretamente o mercado econômico, ou seja, a sua empresa.
Diante desse quadro, torna-se evidente que o crescimento econômico exigido por essa nova sociedade, está diretamente associado ao desenvolvimento social e ao crescimento sustentável, pois um não consegue manter-se estável sem o amparo do outro, é o que se chama de “triple bottom line”, o desenvolvimento baseado no tripé economia, meio ambiente e social.
Quais os benefícios de implantar esse modelo de gestão social?
Para o ambiente externo
Ao implantar na sua empresa um modelo de gestão socialmente responsável, a imagem da sua empresa será fortalecida, tornando-se mais confiável, atraindo e fidelizando os consumidores, que hoje são mais exigentes e priorizam produtos de empresas cujas marcas estão associadas a causas sociais. Pois, hoje o consumidor está mais crítico e preocupado, não só com o momento presente, mas também com o futuro.
Outros benefícios são as certificações, prêmios e selos socioambientais que lhes atribuem uma pontuação diferenciada em alguns processos competitivos e atraem mídias espontâneas que divulgam as marcas como referencial não só de qualidade, mas também de modelo de produção.
Para o ambiente interno
As empresas com políticas sociais calculam melhor os riscos de suas ações e tomam decisões mais prudentes. Com isso ficam isentas de escândalos, processos judiciais e multas financeiras originadas por ações equivocadas.
Seus colaboradores são mais produtivos, comprometidos e tendem a investir na qualificação do seu trabalho com intuito de crescerem junto com a empresa.
O sentimento de pertença e a identificação com o modelo de atuação da organização é fator-chave. Isso porque faz com que os colaboradores trabalhem com mais empenho por causa dos valores e da visão da empresa. Portanto, sentem-se parte de um todo e não se importando apenas em cumprir a carga horária obrigatória.
A responsabilidade social deixou de ser apenas uma proposta, ela é real e já está redesenhando nossos modelos de negócios. Grandes empresas como a Natura, Coca-Cola, Banco do Brasil e a Unilever já aderiram ao modelo. O Instituto Ethos juntamente com o SEBRAE tem trabalhado essa realidade junto à micro e pequenas empresas (MPEs).
O “triple bottom line”, beneficia a todos e sua empresa também pode ser beneficiada. Isto é claro, adequando-se com planejamento, segurança e tranquilidade a essa nova realidade.